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Feliz Dia das Mulheres


Ainda não bateu a hora do almoço, e as redes sociais das quais faço parte estão lotadas de mensagens em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Quando eu era criança, ficava muito confusa nesse dia, afinal, estão me parabenizando apenas por ter nascido no sexo oposto ao dominante, e a chance era de apenas 50%. “Que dia mais esquisito”, pensava eu.

Mas é porque a data é boa pro comércio, e não para a instituição. Boa para vender flores, chocolates, presentes vazios, mas trata-se de uma data em lembrança aos movimentos socialistas das mulheres. Movimentos por salários dignos, movimentos por boas condições no ambiente de trabalho, por rendimentos e oportunidades de emprego equiparados aos do sexo dominante. Há uma versão - que faz bastante sentido, porém com pouco consenso historiográfico, de que operárias de uma grande fábrica de tecidos no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, teriam realizado uma manifestação reivindicando melhores condições de trabalho. Era 8 de março de 1857, e a manifestação foi recebida com violência. 130 mulheres teriam morrido carbonizadas, trancafiadas em uma sala da fábrica. Historiadores discutem se seria um mito o incêndio criminoso de 1857, pois não há registros, e em 1911, também em Nova Iorque, no edifício da fábrica têxtil Triangle Shirtwaist, 123 mulheres e 23 homens morreram em um incêndio. A companhia norte-americana empregava cerca de 600 trabalhadores, e as mulheres que trabalhavam no nono andar não receberam aviso de que o prédio estava em chamas. Todos os trabalhadores do oitavo e os do décimo andar receberam aviso e se salvaram.

Fazia dois anos que as mulheres haviam criado um sindicato que reivindicava melhores condições de labor (as mulheres chegavam a receber um terço do salário dos homens para realizar as mesmas tarefas, trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, com salário semanal de 6 a 10 dólares), e um ano que a líder socialista Zietz havia proposto a criação do dia internacional da mulher, em uma conferència internacional em Copenhagen.

O dia das mulheres deve ser celebrado em respeito às lutas das mulheres, que mesmo nos dias de hoje, um pouco mais de cem anos da sua proposta inicial ainda vivem em luta pela equiparação salarial. Políticos com grande poder como o deputado Bolsonaro fazem ataques constantes às mulheres e nossos direitos sociais adquiridos, afirmando que devemos receber salários mais baixos porque podemos engravidar, entre outros comentários esdrúxulos.

Nos últimos anos, no Brasil e em diversas partes do planeta as mulheres têm tido cada vez mais espaço, e isso tem refletido nas nossas leis, embora seja tristemente socialmente aceita a maneira desonrada que ainda somos tratadas. No ambiente de trabalho, no transporte público, em festas, em rodas de amigos, constantemente sofremos assédio. Pergunte a uma amiga. Em todos os meus empregos, sofri assédio, fui “cantada” pelo chefe, ou um colega de trabalho, ou ridicularizada simplesmente por ser mulher. De todos, pedi demissão. No transporte público, a preocupação é se proteger. Recentemente, rapazes no metrô estavam se masturbando e ejaculando em meninas.

Não somos livres com nosso pŕoprio corpo. Basta sair de casa sem maquiagem para ouvir que está “desleixada”, sem a liberdade de sair com o rosto “nú”.

Hoje é um bom dia para se começar uma discussão sobre o papel da mulher na sociedade. Sobre sermos quem gostaríamos de ser. Sobre sermos livres e aceitas. Sobre sermos nós mesmas, quando já nem sabemos mais quem somos.


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